sábado

A "despedida" das aulas de Corpo/ Movimento com o Professor Jean-Paul Bucchieri


De início tudo parecia muito estranho, não só pelo conteúdo da disciplina e dos exercícios que eram propostos, mas também, agora tenho a certeza disso, porque tudo em geral era completamente uma novidade, o descolar da vida lá fora, de tudo o que é "politicamente correcto e normal" aínda não tinha acontecido, estávamos agarrados ao que supostamente chamamos de pessoas "normais", aínda não tínhamos despertado para tudo o que pode existir dentro de nós, e acho que será mesmo a palavra correcta, DESPERTAR, foi um dos aspectos mais importantes que desenvolvemos nestas aulas, despertamos!

Com o passar de algum tempo, lamento que tenhamos demorado tanto a acordar do tal sono profundo, tudo começou a ser muito interessante e a sede de aprender mais coisas e de ter cada vez mais aulas tornou-se um desafio contagiante!

A ideia com que fiquei em relação ao espaço, aos movimentos do meu corpo, ao toque, à acção, tornaram-se em de algo misterioso, em algo que desperta a curiosidade de conseguir descobrir cada vez mais, nunca pensei que pudesse haver em nós tantos enigmas, tantos desafios…

Dou por mim muitas vezes a tentar responder a muitos porquês, porque me mexi "daquela forma", porque é que acho que estou bem "aqui" e não "acolá", a tentar desvendar os tais movimentos orgânicos e a entende-los, e fico francamente feliz comigo, porque julgo que um dos objectivos do Professor JPB era exactamente abrir-nos os olhos em relação a tudo o que se passa com o nosso corpo e que "nós" no dia-a-dia não damos sequer conta!
É um trabalho complicado mas que pelo que tenho sentido nos preenche imenso quando conseguimos compreende-lo um pouco.
Só espero que possamos ter mais algumas oportunidades para poder aprender e descobrir muito mais, já que como falamos na última aula, agora é que estávamos para começar a trabalhar!!!!
Manuela Jorge
*****

As aulas de corpo foram para mim uma experiência única porque através delas fiz inúmeras descobertas.
A tomada de consciência do que é o nosso corpo, do que podemos fazer com e através dele, das imensas portas que o instrumento “corpo” nos abre e coloca à disposição.
O corpo como instrumento de trabalho. Não o meu corpo mas extraordinariamente e pela primeira vez, “um corpo” como utensílio de trabalho. Foi muito interessante descobri-lo sob essa forma. Outros aspectos tais como, a percepção dos movimentos que fazemos mecanicamente, que já temos convencionados e dados à partida, a tomada de consciência dos movimentos involuntários, o controlo total e absoluto de nós próprios enquanto aspirantes a actores/actrizes, dos nossos movimentos físicos mas também das nossas emoções e sentimentos, tudo isto foi para mim uma grande descoberta, uma tomada de consciência…
Descobrir o que nos produz o movimento, “o que é que nos move”, conhecermos o nosso corpo. Descobrir ainda a complexidade dentro do simples, perceber que o movimento simples, afinal, é complexo porque nele se ocultam infinitas possibilidades, todas por desvendar…
Por outro lado, aprender a estar no tempo presente, num estado de atenção e simultaneamente num estado de disponibilidade total.
Saber “ficar”, aprender a “permanecer” no presente e num estado de consciência absoluta (à semelhança do que se pede aos monges budistas do Zen)
Por último, o abandono e o desapego do nosso corpo, a renúncia feita ao nosso corpo, pela entrega e disponibilidade de UM CORPO.

Sara Bessa Monteiro

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial