segunda-feira

O NARIZ - Dimitri Chostakovitch

Ópera em três actos e um epílogo de Dimitri Chostakovitch Libreto do compositor em colaboração com de Alexandre Preis, Grigori Ionine, Evgueni Zamiatine, segundo o conto de Nicolai V. Gogol.Criação : Leninegrado, Teatro Maly, 18 Janeiro 1930.


O Nariz de Chostakovitch é uma magnífica obra de arquitectura satírica, fundamentada numa collage de estilos, que convoca a paródia, o absurdo, o apontamento circense, o episódio sério, a alegoria burlesca, num virtuoso contraponto de momentos solidamente díspares. O espírito de cabaret reveste a intrincada estrutura teatral, pontuada por características surrealistas, derisão essencial estimulada por uma dramaturgia baseada em astuciosos diálogos de personagens-marionetes, aqui detentoras de um poderoso discurso vocal, pleno de nuances que se evidenciam no espectro entre a linguagem falada e o canto.

Chostakovitch, atento ao discurso vanguardista austro-germânico e à dramaturgia de Vsevolod Meyerhold - que exercerá sobre o compositor uma ascendência muito significativa -, empreende em 1927 a adaptação de O Nariz de Gogol (sátira à «época do chicote» de Nicolau I), parte dos Contos de S. Petersburgo. A concepção do rebuscado libreto, iniciado por Zamiatina, ao qual se associarão os jovens Alexandre Preis e Georgi Ionin, irá integrar excertos de outras obras de Gogol, nomeadamente de Almas Mortas, Casamento e Diário de um louco, e ainda a Canção de Smerdiakov de Os Irmãos Karamazov de Dostoievski. Esta rara comédia lírica que requer uma exigente produção, reunindo, nomeadamente, mais de setenta personagens, será estreada em 1930, no Teatro Maly de Leninegrado, sendo recebida com alguma hostilidade, e tem vindo, desde então, a recolher êxitos tardios em teatros de todo o mundo.

O argumento conta-nos como Ivan Iakolevitch, descobre um dia, num pedaço de pão do seu pequeno-almoço, um nariz. Ivan procura desfazer-se rapidamente deste apêndice. Na mesma manhã, o major Kovaljov, ao acordar, apercebe-se que lhe falta o Nariz e apresenta queixa na polícia dirigindo-se posteriormente à redacção de um jornal para editar um anúncio. O Nariz surge então na catedral de Kazan sob um uniforme de conselheiro de estado reaparecendo a partir desse momento em diversos locais da região, desafiando a competência policial, que encontra muitas dificuldades no contexto deste difícil processo. No epílogo, Kovaljov, ao acordar, apercebe-se que o seu nariz está de novo no sítio regressando finalmente a sua existência à normalidade.


Dias 6. 7. 10. 11. Julho 2006
20:00h
Teatro Nacional de São Carlos

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

:)

julho 23, 2006 12:03 da tarde  

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