segunda-feira

"Viagem ao Centro de Mim" de Sara Bessa



Ja saíu para "a rua" o primeiro livro (esperemos que o primeiro entre muitos) da nossa amiga Sara!

Aínda não tive oportunidade de o ler mas conheçendo a Sara como conheço, aconselho vivamente!

Muito sucesso amiga, aínda vai sair daqui um Best Seller!;)

Beijos

Manuela


A Página da Educação Arquivo - Artigo

A Viagem de Sara Bessa
A propósito do livro «Viagem ao Centro de Mim»; de Sara Bessa editado pela Papiro Editores, 2006.
Ao longo dos anos na minha actividade de professor na universidade fui-me apercebendo que o papel essencial da educação não é transmitir informações mas sim desenvolver um processo de investigação-acção em que o desenvolvimento pessoal se constrói na interacção consciente, numa dinâmica de grupo.Em tal processo pedagógico activo o aluno aprende e ensina. Assim, são as atitudes que se forjam e não apenas opiniões e comportamentos que se manipulam ou adestram. Nas nossas aulas de ecologia urbana na FAUP ensaiamos meditações dinâmicas na descoberta de arquétipos das formas, trabalhando a argila e fazendo desenhos. Ensaiámos também a consciência do corpo na relação entre movimento e música, buscando nos exercícios de euritmia ou nos “trabalhos” de Gurdjieff o centro de gravidade, a simetria e assimetria, o caos e a ordem, etc.O estudo do eneagrama permite o conhecer-se a si mesmo conhecendo os outros. Assim, das referências sobre as “personas” busca-se um “eu” activo, capaz de lidar conscientemente com o movimento dinâmico tripolar entre pensamento, acção e emoção. Revela-se a tensão sistémica e dialógica desta tríade com as outras sensibilidades afins que referenciam personagens diversas.Desconstrução e construção, universalidade e singularidade e demais temas foram objecto das aulas de ecologia que para além de ecologia urbana eram também de ecologia espiritual.Afinal o homem e a biosfera constituem uma interacção permanente entre Logos e Topos, estabelecendo ecossistemas que se metamorfoseiam.Todas as experiências vividas no estudo desta problemática, permitem dar sentido e pilotar a vida. Trata-se de buscar uma via de libertação pela autonomia da nossa consciência.Foi neste contexto que tive como aluna a Sara. Não era necessário dizer e muito menos repetir… A Sara “sabia” porque dentro dela já havia o “fazer o vazio” de quem há muito procurava sair da mecanicidade repetitiva dum quotidiano que nos amarra ou do qual permitimos condicionamento.A viagem da Sara estava já em marcha. A vontade “pessoana” de ter vários heterónimos que nos descreve no seu livro, em ser “guardadora de rebanhos” ou “monge eremita isolado num templo budista” são reflexos duma individualidade polifacetada que revela a vocação de actriz capaz de criar “as várias vidas de que tanto necessito”.Os desenhos que povoam o livro são imagens que comunicam conceitos, são mensagens poéticas de quem “aprendeu a ver” e “sabe ser criança para sempre” (…) “de estar simplesmente estando como se todas as coisas fizessem parte de mim e eu delas”.Este livro de poesia, desenho e filosofia é um livro de nostalgia espiritual de quem faz da vida uma procura, uma demanda, uma viagem entre o céu e a terra.