segunda-feira

A Partilha de Experiências...

Caros colegas,

Penso que é importante partilhar experiências, boas e menos boas.
Por isso aqui vai…
Como alguns de vós já sabem tive a oportunidade de trabalhar numa “companhia” teatro os bobos e a corte da Amadora na peça intitulada “O Natal do Sr. Scrooge” uma adaptação do texto original de Charles Dickens. Trabalhei, partilhei e aprendi a trabalhar com colegas com formação e experiências distintas à minha e houve uma sinergia muito gratificante com os choques naturais de gerações: José Funchal, 64 anos, Maria “Dina” Zamora, 32 anos e Miguel Matias de 23 anos. Criei três personagens distintas – uma menina de rua, a sobrinha e a fada contadora de histórias e foi excelente como experiência nesse sentido, na criação das personagens e no retorno obtido junto das crianças e jovens. No entanto, o projecto ficou p’lo caminho feliz ou infelizmente, pois ocorreu um acidente com um dos colegas do elenco e foi submetido a uma cirurgia ao fémur, o qual foi substituído p’lo encenador! Entretanto outro ficou doente, éramos apenas três actores sem elenco de substituição e fiquei eu e o encenador apenas. Para espanto meu, o encenador queria continuar com as actuações agendadas (30 no total, foram levadas a cena apenas 5) lendo os textos do segundo colega atrás do pano! Acatei e ouvi até ao final inclusivamente foram realizados ensaios durante uma manhã, estava disposta a levar a cabo apenas o espectáculo do dia, mesmo não concordando. Quando toco no assunto, argumentando que por uma questão ética e brio profissional aquela seria uma situação pontual até encontrar um substituto, o pseudo-encenador insultou-me e pôs em causa a minha idoneidade e seriedade como ser humano.
Porquê, perguntam vocês, coloco isto tudo a céu aberto? Porque me dói na alma ver uma pessoa que se auto intitula encenador, faltando aos ensaios, tratar os actores como sendo lixo e não cumprindo as condições mínimas de alimentação e viagens/descanso inerentes a um projecto itinerante. Já não falando das provas dos figurinos na noite anterior à estreia e falta de adereços e cenários até à última da hora, mas isto ainda era o menos. Tudo isto em nome da arte, quando me apercebo que o que realmente queria era explorar seres humanos e vender a banha da cobra.
Caí numa esparrela, todavia o balanço não foi de todo negativo, deixo aqui o meu testemunho para se acautelarem no futuro em situações de contrato de trabalho com “companhias fantasma”!!!

Maria “Dina” Zamora